Comer, dormir, amar…
“Nasci em uma fazendo em São Roque, no interior de São Paulo. Mas não tinha nem dois meses quando a minha mãe humana me adotou. Ela me chamou de Doris, um nome lindo e que eu adoro. Quando cheguei, fui apresentada a mais três irmãos: dois cachorros e uma menina, e passamos a viver juntos, dividindo a casa. Quero dizer, não demorou muito para eu me tornar a rainha do pedaço. Porque todo mundo pensa que o porquinho é aquela fofa de apertar, que come e dorme o tempo inteiro. Em parte, isso e verdade. Meu principal passatempo é comer. Mesmo depois de fazer as minhas refeições, continuo cheirando tudo quanto é cantinho a procura de uma sobra qualquer. Daí eu me canso e tiro uma soneca, que pode durar horas. Só acordo quando a barriga começar a roncar. Por falar nisso, todos os dias sou eu quem desperto a minha mãe, pontualmente às 5h30, inclusive aos finais de semana. E já vou logo pedindo comida, não posso esperar! Mas ela não fica brava comigo, já me conhece e me ama como sou. Tanto que dirigiu quase 800 km para me encontrar na fazenda e, já há cinco anos, não nos desgrudamos um minuto sequer! Mas, voltando à boa fama dos porquinhos: apesar de ser comilona e um tanto quanto preguiçosa, eu também sei fazer minhas vontades. Mesmo recebendo ordens, nem sempre obedeço na hora e, se alguém me contraria, rosno e mostro os dentinhos. Também faço questão de ter meu espaço. O quintal aqui de casa é todo meu e tenho uma caminha feita sob medida para dormir, cheia de cobertores. Eu cresci mais do que minha mãe imaginava, mesmo sendo uma mini pig. Por causa disso, já não passeio na rua, porque nenhuma guia cabe no meu pescoço roliço! Mesmo assim, me divirto muito. Em casa, minha brincadeira preferida é rolar na água com sabão, quando minha mãe lava o quintal. Aliás, essa é outra mentira que contam sobre os porquinhos: pelos menos os da cidade, como eu, adoram tomar banho. Só não gosto mais de água do que de comida, claro. E, aliás, já está na hora de buscar um petisco e de receber mais carinho da mamãe, vou ter que dar tchau a vocês. Até!”